segunda-feira, 11 de abril de 2016

ALMA DO NOSSO PAÍS...



Acabei de assistir ao documentário "Cauby; começaria tudo outra vez" (2015, direção de Nelson Hoineff). Resgata parte da vida criativa - privada e pública - do cantor Cauby Peixoto. Desvela Cauby cantor de rock, boleros, no cinema estadunidense, cantando Conceição, Começaria Tudo Outra Vez, Bastidores etc. Rasgado pelas fãs. 

Na pré-adolescência transou com rapazes, e que depois partiu ele para garotas, dando às vivências gays um sentido de ritual de passagem, como se ele estivesse na Grécia antiga kkk Ele não dá conta, pra si, desse tema. 

Elogiado e bem narrado pelo biógrafo. Maria Bethânia fala elogios. Outros artistas, compositores, amigos, críticos rasgam elogios à estrela.

Fiquei esperando sobre de Di Veras, seu empresário, e dizem, "algo mais", ou o que isso significa. Di Veras já morreu, era rico antes de ser empresário de sucesso e respeitado no meio, era empreiteiro também de sucesso, e que, se lhe teria feito um imenso bem profissional, o fez um grande mal financeiro - teria vendido propriedades de Cauby e a estrela não viu a cor do dinheiro. Ele diz que Di Veras foi tudo pra ele, e que sem o cara, ele não seria Cauby, Cauby kkk O apartamento aparece, retratos do artista, o narciso indispensável de quem foi um ídolo nacional, amado, rasgado. O quarto simples, arrumado pela fã que o acompanha sempre. Roupas brilhantes com paetês, miçangas etc.

A voz em off diz que Di Veras tem filhos. Para quem sabe ler, um pingo é letra kkk Não pode falar - achei isso. Cauby foi o maior ídolo naquele determinado período, logo deveria ser, pelo menos, remediado em termos $$. Ele elogia Di Veras com um sorriso largo, e traz uma peruca, que é imensa, feminina e masculina a um só tempo, assim como sol-chuva forma um arco-íris - como artista, ele é o nosso orgulho. 

Ele sendo maquiado me deu uma melancolia de alguém que foi uma grande estrela do Brasil - e que ainda guarda essa aura, esse esplendor -, a cara desse país, e ele diz que gosta de vestir como artista, pois o público merece - leia-se, muitos brilhos etc. Esse respeito ao público é lindo demais. Di Veras foi apenas uma parte de si nesse filme, mas pelo rosto do artista, sua voz e evidente solidão, ele é a alma dele mesmo, esse lindo cavalheiro de nossa honra, e se mantém intacto no filme, é a estrela total, seguindo talvez o espírito de Di Veras. 


Tocante escutá-lo: "Conceição", ao afirmar que hoje daria um milhão para ser outra vez si mesmo; "Bastidores" que Chico Buarque fez pra ele: lá fora, doidos e febris, os homens se resgam por ele; "Cauby, Cauby" de Caetano Veloso que descreve a percepção de um ídolo por outro: "Meu amor proibido, eu te vejo chegar. Música doida, carícias no ouvido: Cauby! Cauby! Cauby!". Quase ao final, ele se desvela como humano cidadão: "Eu sou apenas um artista, nada mais". Pôxa Cauby, você é uma das almas desse país, você chega e tudo vira luz, alegria, sonho, delírio e a certeza que somos finito, por isso apreciamos sua doce e cálida (pré)sença.

Ao final reconhece que "começaria tudo outra vez"... Uma estrela que parece sempre renascer com ou sem Di Veras. Mas o negócio é a solidão, num é? Mesmo as grandes estrelas sofrem desse mal dos trópicos... kkk