sábado, 16 de abril de 2016

O PAGAMENTO IMPOSSÍVEL DO EXPERIENCIAR: COGNIÇÃO ENCARNADA [OU AFETIVA OU EMOCIONADA OU DESEJADA] IN "E SUA MÃE TAMBÉM" 
"E sua mãe também..." (México, 2001, de Alfonso Cuarón) narra dois amigos abastados, Júlio e Tenoch, jovens adolescentes, que se sentem desamparados, pois as namoradas foram viajar. Na procura de algo do que fazer, vão a uma festa de casamento e lá conhecem uma linda mulher chamada Luisa, espanhola, casada com o primo de Tenoch, Jano. Eles inventam que estão indo a uma praia paradisíaca chamada Boca do Céu, só pra seduzi-la. Luisa, que descobriu que o marido a traiu (ele mesmo confessou), resolve ir. A partir daí torna-se um filme de estrada (rodie movie), pelo interior (alma) do México, com populações pobres. Assim, a vida dos três juntos acontecem mediante esse contexto cotidiano do povo mais humilde, além das questões de violência do México (devido ao tráfico) e as políticas neoliberais do pais, e o modo como o diretor faz isso, é de uma beleza inigualável (eu exagerando kkk). Durante a viagem eles transam com ela, fazem revelação e desvelam uma espécia de bromance, ciúmes um do outro, e Luisa captura isso. Eles encontram a tal praia, com o mesmo nome - coincidência, pois a origem foi uma mentira. Passam a viver ali, na boca do céu, na paz... Mas eles não estão em paz, e o povo que os recebe muito bem, também desvela as injustiças dos empresários em fazer dali um resort. Numa noite, os três fazem uma festa - eles dançam juntos e se sensualizam. Um conta que já "comeu" a namorada do outro, e outro que fez a mesma coisa com a mãe psicóloga do outro (os psicólogos são adoravelmente liberais kkk racinha kkk) Eles se misturam, um na procura do outro. Os três vão pra cama, e Luisa, no momento chave do filme, aproxima os dois rapazes que se beijam e fazem sexo entre si. No dia seguinte, eles fazem vômitos pelo vivido, negando aquilo tudo de luxúria. Vão embora, e Luisa resolve ficar... Frases lindas... Eles não se vêem por um ano. Num dia, por coincidência, tal qual a praia encontrada, os dois se aproximam em um bar, e vão tomar café. Tenoch conta que Luisa morreu um mês depois, pois estava com câncer, e ela sabia disso - nós, os espectadores já sabíamos. Tecnoch quer pagar o café, eles não vão se ver mais, nunca mais. Um passou numa universidade, e o outro, em outra. Júlio diz que ele mesmo paga o café. Tenoch vai embora, e Júlio espera ele passar pela vidraça. Olha pro amigo e abaixa cabeça, visivelmente apaixonado por ele, mesmo os dois tendo outras namoradas atualmente. Júlio levanta a mão e diz ao garçom: "- A conta, por favor".... kkk Júlio não sabe, mas tem coisa na vida que está na ordem do impagável, seu destino agora é repassar essa aprendizagem para outros amigos, ampliando a experiência de sentido, a alma do aprender e do ensinar.... Só assim, Júlio quitará a dívida, e o dinheiro nada vale nesse processo vivencial. Não é algo neoliberal ou da ordem do capitalismo, mas do vivido, da cognição encarnada/ afetiva.

[Hiran Pinel, autor; em citando, obedecer as normas].

conhecem Luisa.

crises nas estradas, nos motéis e a descoberta de um bromance

transando a três

Luisa facilita aos dois o conhecimento encarnado.

tentando pagar algo que está na ordem do impagável - o experienciar... "Me dê a conta", ele diz. No Brasil seria: "A conta, por favor".