segunda-feira, 11 de abril de 2016

"Malady Tropical" (2004; ou: Sud pralad) - "Mal dos Trópicos" ou "Febre Tropical" OU: "Doença Tropical". Em thai é: " สัตว์ประหลาด ", que significa "Monstro". Direção: Apichatpong Weerasethakul



MINHA SINOPSE: Keng (ator Banlop Lomnoi) é um soldado em uma aldeia tailandesa tranquila, onde os dias se desenvolvem com lentidão metódica, sua área de atuação são as florestas, comenta-se que há um animal matando o gado da região, cortando-lhes a cabeça. Não acontece muita coisa de interesse, até Keng encontrar um rapaz local chamado Tong (ator Sakda Kaewbuadee), e os dois começam um romance impregnado de amizade, um bromence, diríamos hoje. Então, em um movimento surreal, típico do diretor Apichatpong Weerasethakul, irrompem os estilhaços de um cinema altamente provoca(dor), desembocando em uma história sobre um soldado (também o ator Lomnoi) procurando por um rapaz perdido na selva e conhecer um espírito irritante (também ator Kaewbuadee) e descobrir algo de si, do/ no outro, em um mundo doente de solidão sendo uma praga epidêmica. Há assim uma linearidade, e não um fragmento como dizem alguns estudiosos e críticos dessa película cultuada por inúmeros cinéfilos. Sentimentos, carne, espírito, alma, memórias...





SOLIDÃO: O MAL DOS TRÓPICOS...
Tropical Malady (Tailândia, 2004, de Apichatpong Weerasethakul ou "Apichat Pong Verassetacul"): Dois homens jovens se conhecem - um é guarda florestal, o outro jovem trabalhador rural. Algo estranho está acontecendo na floresta: as vacas estão tendo suas cabeças cortadas. Apesar disso, os dois se encontram, e surge a empatia. Estabelecem uma profunda amizade: ficam juntos em tudo que fazem. Vão ao um bar musical onde acontece a linda cena da música - o trabalhador canta em homenagem ao guarda, mediado por uma cantora do local. Tudo acontece indicando que os dois vão se separar, está acabando as férias do policial. No meio do filme, um se despede do outro, numa estranha forma de afeto, que afeta aos espectadores - o soldado lambe os dedos do outro. O trabalhador adentra uma floresta (cabeça podem rolar), o soldado vê, fica passivo, como se isso fosse o destino deles. A noite, o guarda fica angustiado com a ausência do amigo, e sai a cata dele (do outro e de si). Na floresta, com seus temores e mistérios, acontecerá a magia da descoberta desse si no outro, (co)movido pela natureza agreste. A cabeça do amigo pode ser cortada, a amizade também. Um filme maravilhoso, é uma ode à amizade íntima de sentido, mas donde se desvela que o adeus sempre vem - pela via da morte concreta e ou simbólica - abandonos -, e essa é a doença dos trópicos, uma síndrome pandêmica chamada "solidão".

O QUE ESCREVI AGORA:
Filme lindo demais esse Malady Tropical (2004, de Apichatpong Weerasethakul). Trata-se de uma ode à amizade masculina. Um tema provocador, uma Tailândia linda, agreste (e urbana) e que nos convida a conhecê-la para sentir a nação... Um filme, repito, sobre AMIZADE, tema raro no nosso cinema Ocidental, pelo menos com tamanha profundidade. Uma direção perfeita pelo experimentalismo, por isso algumas pessoas, acostumados a um cinema hollywoodiano podem estranhar. A interpretação soberba dos dois atores, marcada pelo naturalismo existencial... Assisto o filme, e a Tailândia se amplia na minha cabeça, torna-se mais linda, moderna e pós-moderna... Obra de arte. ARTE.


1. [Hiran Pinel, autor... apaixonado por esse filme, desde seu lançamento]

2. [Textos produzidos em momento diferentes, e a percepção sempre é outra, mesmo quando eu me proponho fazer a sinopse que é sempre UMA sinopse, nada definitivo, tudo incompleto, devir]