quarta-feira, 4 de julho de 2018

É possível realmente esquecer seus abraços, olhares e beijos? É fácil isso? Como a gente pode inventar separação? Isso não pode ser a saída pra nós dois - esquecer, esquecer, esquecer... Esquecer o inesquecível. O nosso amor merece mais, tudo pelo que vivemos. No nosso adeus, naquela notívaga paisagem, o silêncio - eu dolorido, você se desesperando, me beijando alopradamente. Eu me sentia perdido, sozinho - mesmo com sua língua roçando meu rosto suado. Seu toque escorria na minha cara, e eu ficava atordoado. "Isso é muito profundo para esquecer", diz a canção da série thai "My Tee", aquela que eu sempre assisto para recordar-me de você, mas você não sabe, mas sente. Tudo que estamos, nós vivemos, e o passado e o futuro apagado e incerto - tudo estará na memória, e na minha atenção - ambas intencionais. Joguei fora os seus livros de autoajuda, nada de ser feliz imediatamente, tem momento que é preciso acordar na tristeza. Ontem de noite eu saí cartografando minha subjetividade, muito sozinho, tracejando nossas vidas pelo nosso ex-apartamento, olhei cada detalhe e chorei demais até me derreter - fui Branca de Neve. Escorrendo-me por detrás da porta, fiquei como Krist em "Sotus S" - sem Kongpob. Eu te amo, e não sei o que fazer com ele, com o amor, não sei nem guardá-lo e muito menos doá-lo. Quando penso que o nosso amor, o amor que tivemos um pelo outro, estava sempre no bem-estar que produzíamos em nós e não no amor mesmo, o inventado.... Ó... Então, me dá uma vontade tensa, densa e intensa de matar Nietzsche, desgraçado, desgraçado dos infernos - eu crio fantasias para suportar tanto a sua ausência, o seu abandono, a sua rejeição. Desgraçado, não volte mais - mas não trocarei a chave da nossa morada - a do ser. 

[Hiran Pinel, autor;  citando ou copiando, referende].