segunda-feira, 1 de junho de 2015

Apreciação de um filme
O AMOR EM TAIWAN: GOSTANDO DE PRATICÁ-LO.
Hiran Pinel

Maravilhoso esse filme pra TV chinesa, conhecida como República da China - que pode ter seu prolongamento.

Chama-se em chinês "你是男的我也爱" ["Mesmo se você for um homem, eu te amo" - tradução; ou "Like Love In Taiwan", aí seria, acho, o título em chinês simplificado "类似爱情", talvez "Like Love", apenas].

É um filme de 2014 [e que pode ir pra 2015]; produzida em China, Taiwan (talvez).

Direção de 陈鹏 ou Chen Peng.

Atores protagonistas - as estrelas de lá, e que são cantores populares também:
(1) 孔垂楠, em inglês: Chuinan Kong ou Kong Chu Nan - ou Korn Chuinan ou Kong Chuinan;
(2) 黄礼格, em inglês Huang Li Ge ou Huang Lige.

Trata-se de um filme de TV, de muito sucesso popular na China/Taiwan e em quase toda Ásia (exceção para os países que proíbem cinema, e ou cinema com o tema).

É o maior sucesso em 2015. Eis algumas imagens da série.

Sinopse que eu faço: estamos numa imensa residência universitária em Taiwan; dois em cada quarto, e tem quarto onde fica apenas um estudante (quando o aluno paga, logo de origem rica). Dá-se o encontro de um aluno pobre e outro rico - são vizinhos de quarto. Trata-se de uma amizade cheia de alegria, bom humor, brigas, namoradas briguentas e ciumentas, esportes e muito prazer... Morremos de rir, ficamos sérios, choramos, podemos até nos chocar (os mais moralistas de plantão) etc. É uma amizade rara - sendo assim, um tema que foge ao comum, especialmente pra nós brasileiros, lá deve ser comum, pois vejo alguns filmes e séries semelhantes, inclusive boas.

* * *
类似爱情(Like Love) (2014)
Director: Chen Peng
Scriptwriter: Angelina
Cast: Huang Li Ge & Kong Chu Nan (protagonistas), Wang Hai Yang, Zhou Chen
Genre: Drama
Producing Country/Region: China
Language: Mandarin Chinese
Release date: September 25, 2014 (Mainland China)
Running time: 120 minutes
Also known as: Even If You’re a Man, I Love You / I’ll Love You Even If You’re a Man / Like Love
The film is adapted from the best-selling novel of the same name by Angelina [entitled] “Even If You’re a Man, I Love You (你是男的我也爱, Ni shi Wo Nan de Wo Ye Ai)” directed by new director Chen Peng, Pengcheng Pictures, Nian Lun Pictures and Lai Bite. Co-produced by the exclusive distributor Nian Lun Cinema, film series, “Even If You’re a Man, I love you" is an offbeat love story about campus life around the protagonist Anzi Yan and Mai Ding who start military training as college acquiantances, Mai Ding was the one who made the first move to Anzi Yan, they have a good relationship and gradually felt sparks. After their relationship strengthens, their relationship is obstructed by their family and friends, like Anzai Yan’s sister Ansul who have different attitudes. Anzi Yan secretly asks help from his ex-girlfriend Baixiao Si. (x)
——
(Note: The last 2 sentences I’m not sure of the translation, and I’m sorry for the inaccuracy, I’ve only been studying Chinese for 2 years)
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Li o livro de Angelina em chinês de "你是男的我也爱" ou "Mesmo se você for um homem, eu te amo". Base pra roteiro filme 2014, com o mesmo título ou "Like Love" [no Ocidente], cuja direção é de 陈鹏 ou Chen Peng.

Narra relação amizade íntima entre dois universitários em alojamento da instituição em Taiwan, China. An Ziyan, mulherengo, cabeça aberta ao mundo (entregue às experiencias, diz), e Maiding, um tímido, apaixonado, sedutor ingênuo, e ainda virgem, ele diz.

Diálogos lindos. Mas é um livro pra juventude, percebe logo, romance. Temas sobre Taiwan e Ásia, e outros contemporâneos.

Maiding, personagem - ator:Huang Li Ge






An Ziyan, personagem; ator: Korn Chuinan



EIS UM ROSTO HUMANO... 
Hiran Pinel

Cinéfilo que sou, a impressão que eu tenho é que quando o ator

MarchChuthawut Phattharakampol nasceu na Tailândia a câmera sentiu-se atraída pelo rosto dele, um rosto de cinema, da TV e das fotografias... Ele trabalhou in Hormones The Series (série de TV; duas temporadas), no filme "Os Nadadores" - dentre outros. É jovem ator e [em thai, o nome dele se escreve assim: จุฑาวุฒิ ภัทรกำพล]... Ele brilhou no Cult: Home: Love, Happiness, Memories (Título in Thai: Home ou ความรัก ความสุข ความทรงจำ, ou Home - Khwam Rak Khwam Suk Khwam Song Cham) que é um drama premiado, sob direção de Chookiat Sakveerakul.











SÓ UMA PARTEZINHA DA SOLIDÃO, NÉ?
"Somente uma noite"

Película da Coréia do Sul, de 2015, título original: 원나잇 온리.

Direção de: Kim Jho Kwang-soo ou 김조광수 & Kim Tae-yong-I ou 김태용]. 

O filme é composto de dois belos curtas. 

Uma obra de arte, complexa, ao estilo cinema francês, que marca parte da boa produção asiática - lento, gradual, donde os diálogos são vitais, e as imagens focando detalhes que desvelam o privado dos personagens. Detalhes para as bem trabalhadas coreografias das cenas.

[1] O primeiro, ao som do bolero, é "Bug na noite" (bug = defeito, falha) direção de Kim Tae-Yong, que narra dois caras que mentem pros outros dizendo-se namorados - mas a finalidade disso é darem uma festa em um bar, e embebedarem todos (e o fazem), roubando o dinheiro do pessoal, até que acontece um toque físico (que se transforma em emocional) entre os dois fingi(dores). A solidão persistirá no vazio dos dois, roubaram, mas ficam sem nada (existencialmente). 

[2] O segundo, ao som do tango, se chama "Uma noite", direção de Kim-Jho Gwang-Soo. Um rapaz, com fones nos ouvidos, [ligados ao celular/ internet, talvez no face kkk)], é quase atropelado por um carro na agitada cidade, e um outro o salva - se olham, mas não se falam. Ambos, sem saber, vão a um bar, se encontram para ficar, cada um, na solidão, e não conseguem se salvar.

Ambas as histórias são dramas, com finais solitários, traições, uso frenético de drogas, vazio existencial, muito karaokê que deve ser moda por lá (é daquela região, eu sei kkk), busca louca por sexo (mas com desejo de amor) etc.

Lição de vida - eu achei kkk É muita solidão minha gente, ainda bem que ela ainda não nos contaminou totalmente kkk só uma partezinha, num é? kkk

Hiran Pinel





Hiran Pinel
QUE LUZ ESTRANHA!
Apreciação do filme tailandês "Doença Tropical" (2004)

Parte I
Assisti esse filme em 2006 ou 2007 em São Paulo - Prêmio Juri Cannes -, e meu amigo de lá mandou-me hoje o dvd - já o recebi, depois de anos... Agradeço. Pus-me à serviço da memória... A cena dos dois amigos - Keng e Tong - dentro do cinema, na película "Tropical Malady" (TAILÂNDIA; 2004; direção de Apichatpong Weerasethakul ou Joe) é perfeita e prenhe de sentidos, um cruzando as pernas sobre a mão do outro; outra cena imperdível é quando um lambe a mão e dedos do outro (e vice-versa) e um caminha adentro pela floresta tropical, pedindo "um" (pró)cure-me - que será a 2a parte dessa obra de arte; o macaco mandando mensagens sobre o medo e a tristeza, é outra cena - tantas, tantas. Um dormindo no colo do outro. Por si só merece uma produção científica, como o tema "cri(ação) educativa da amizade" - o que e como é isso? Tem uma cena que me emocionei: quando a cantora lhe dedica uma canção, e ele canta junto - ele dando um colar a ela, é um ato de respeito ao artista de bar. Sentidos, sensações que implicam rumo/norte/direção do ser em ser sendo (junto ao outro no mundo), uma entrega, uma periculosidade, o homem animalesco que demanda ser humano, os sons da mata, a procura de significados pra poder viver e entregar-se ao amor, que sempre é um mistério como é a mata virgem. Irei rever.

Hiran Pinel

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Parte II
Sensações instintivas de amizade retroiluminadas pela floresta - a luz que dela se reinventa, "uma luz estranha" [1]. O amor como uma enfermidade dos trópicos quando do abandono e rejeição, isso no filme "Tropical Malady" (TAILÂNDIA; 2004; direção de Apichatpong Weerasethakul ou Joe). Depois da cena do "cheira-lambe mãos-e-dedos", o personagem Tong abandona o amigo Keng, sorrindo ele vai floresta adentro, donde se desvelará primitivo, faísca, foragido. Será nesse primitivismo que Tong se fará o espelho a Keng, dispositivo que lhe dirá: ainda te amo, mas é preciso partir pra outra, sob a forma de animal. Tong não deseja sair quando o amor acaba, mas abandoná-lo quando ele ainda existe, e declarar os percalços que irá criar no abandono - ele mesmo sofrerá também, mas em um outro tipo, estranho tipo, pelo menos pra nós. Trata-se do primitivismo como modo de se transformar, e fazer a travessia pra novos amores. Acostumamos com o mesmo amor, o repetido, o de todo dia, o cotidiano - por isso não suportamos esse filme, nos sentidos constrangidos, desesperados - nós mesmos os abandonados. Ó Tong não nos faça isso, eu lhe peço, chupe nossos dedos, mas não nos abandone... Ó deus das florestas, não o deixe adentrar, e se o fizer, que o mate, mas de outro ele não será [kkk].
SESSÃO CRÍTICA DE CINEMA
Filme: "Dificuldades de aproximação" (JAPÃO; 2014; "どうしても触れたくない" - "Não Quero Te Tocar" - minha tradução; 2014; direção de Chihiro Amano; elenco: Kosuke Yonehara & Masashi Taniguchi, e outros).

APRECIAÇÃO DA PELÍCULA
"Nevando em Tóquio para manter as paixões.".
Shima vive sozinho - e é um solitário, metódico, repetitivo, compulsivo. Ele joga dois vasos de plantas ressequidas no lixo, para assim se renovar - mas é claro que isso não é renascimento... Ele acaba de abandonar o emprego, pois foi abordado sexualmente no labor, e se sente culpado por isso - ele não acredita que alguém possa gostar dele, amá-lo, por isso ele sempre pede desculpas por tudo, tudo. Togawa é seu novo chefe, já em outro emprego - um fumante inveterado e beberrão - prazeroso japonês, se é que vocês entendem kkk, a cultura marca os modos de "ser-isso-aí". A relação entre os dois se torna complexa, já que Shima se afasta sempre de tudo (inclusive de si), e Togawa se entrega ao vivido - uma entrega japonesa. A partir daí é minimalismo puro, diálogos raros e muitas imagens em tons sépia, gelo, creme... As imagens traduzem tudo, elas nos dizem o que está acontecendo. Até as roupas que vestem são minimalistas, o mínimo pra viver. Shima submisso e medroso, Togawa audacioso e dono da situação. No meio do filme, diante de uma fotografia de família, Togawa diz que perdeu sua mãe louca e irmão no fogo (o pai morreu antes), e que ele sofre toda vez que cai neve, pois se caísse naquele dia eles seriam salvos. Togawa tenta parar de fumar atendendo aos apelos de Shima, mas ele permite o retorno do vício (kkk), ao que Togawa devolve sarcasticamente: "- Você é uma esposa perfeita, nunca vou ter que reclamar" kkk Shima sorri e agradece, acreditando estar no seu papel - amos acreditam. Ao final do filme, está nevando lá fora, em um Japão metódico, e Togawa, olhando através das persianas americanas, diz: " - Shima agora eu consigo ver a neve, e não sofrer. Obrigado!". Ambos vão sair de Tóquio, e vão morar em Kyoto, já que a agência precisa dele lá, dos talentos de Togawa. Já Shima precisa de Togawa, onde ele for, e pedindo menos desculpas, parando de implorar clemência e piedade - compaixão... Togawa vai com+paixão. Mas é difícil sair do autoflagelo meu caro Shima, assim como o é também parar de fumar e de beber - cada um com sua espécie de paixão, pois é ela que nos (co)move a ser alguém junto ao outro, no mundo.

Hiran Pinel




Um título socializado do filme é: "Doushitemo Furetakunai" (2014/5) que pode ser encontrado na internet com legendas em português.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

BANGUECOQUE
De: José Luís Peixoto

Entre todas as formas de silêncio, essa é a mais perfeita. A cidade inteira está viva, e tudo acontece ao mesmo tempo. Como um segredo (...) sou um olhar sem nome a passar por tudo isso. Também eu estou vivo. Nas ruas oferecem fruta fresca, vozes (...), nos altares dourados de Buda, ao lado do incenso. Esse é o silencio que ferve, como tofu frito no passeio. A cozinheira sorri, e transpira encostada a um fogareiro (...) é silencio picante, acompanhado por uma tigela de arroz branco. A noite está viva (...) tudo acontece ao mesmo tempo. Esse é o silencio dos anjos que dançam em 'biquíni' sobre o balcão. (...) Chegou a hora de agradecer: obrigado cidade, pelo calor asfixiante (...) obrigado pela família real. Obrigado pelas massagens, com ou sem happy end (...) Obrigado pelo silencio, é perfeito.




Cena de Love Sick The Series
Na imagem os atores: Captain e White

Cena de Hormones The Series
Na imagem os atores: Tou e March

Mapa que pode se transformar em cartografia segundo olhar de sentido do "viajante" - um mapa que se move.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015



ONDE ESTÁ A OUTRA METADE DE MIM?

Hiran Pinel
pôster

uma das melhores cenas - aqui com imagem duplicada: do desejo em olhar e saudavelmente descontrolar-se sexualmente.

o cheiro como memória.



"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" (BRASIL; 2014; um filme longa metragem de David Ribeiro). Um jovem cego - Leonardo - sofre algum bullyng na escola, por um ou dois videntes - arrogantes e prepotentes. Leo tem a seu favor uma amiga inseperável - Giovana. A família dele superprotege-o - os pais Carlos e Karina. Ele procura se rebelar, e a avó Maria aparece para fazer um suave contracampo com sua curiosidade em sentir o amor, algo que substituirá (por ora) sua vontade de fazer intercâmbio. Num dia, aparece em sua sala de aula, um jovem que se anuncia: Gabriel, como na metáfora do anjo provoca(dor) parecendo levemente com "Teorema" (ITÁLIA; 1968; direção de Pier Paolo Pasolini). A partir daí, as experiências de ser cego (e humano) ganharão novos sentidos, conversas e amores - paixão. Os diálogos entre os dois, as trocas de conhecimentos, altas horas da madrugada e a inicial amizade os comovendo, algo do interior (cidade do interior e da subjetivação), de um momento impagável, uma dívida que criam. O outro maracará seu desenvolvimento e aprendizagem, isso fica evidente: a alteridade na sua mais significativa produção de sentidos de vida. Tudo muito gradual e bem minimalista, nesse filme que já é Cult, tal qual "Beautiful Thing" (INGLATERRA; Delicada Atração; 1996; de Hettie MacDonald) e "O Amor de Sião" (ou Siam) ("รัก แห่ง สยาม" em thai; Tailândia; The Love of Siam; direção de Chookiat Sakveerakul). O filme ganhou muitos prêmios, como em Berlim e outros festivais do mundo - muitos. Há seis cenas muito bacanas - dentre outras: 1) a entrada de Gabriel na sala de aula e a escuta (foco na orelha), passando a escutar-se seu real desejo, que é encontrar a outra parte de si (junto ao outro no mundo); 2) o beijo na porta da casa donde Gabriel é o DJ; 3) o cheiro do moleton (a melhor de todas; o objeto como memória do amor e do sexo; recorda Brokeback Mountain, de Ang Lee); 4) a entrada da música de Belle & Sebastian, "There's Too Much Love"; 5) Gabriel no banho, olhando com desejo; 6) Leonardo sonhando-delirando, em preto e branco e manchas, o abandono e o apego  carência afetiva. Belíssimo filme, raro no seu tema, delicado como poucos. Adequado a ser usado em sala de aula junto a jovens estudantes, evidentemente conseguindo apoio da instituição escolar e dos discentes, e quem sabe os pais kkk, a escola, ou sejam em Educação Sexual, a escola vive amarrada kkk. Pode ser usado na formação de professores - eu o fiz e foi um sucesso, pois a sensibilidade aumenta, ampliando a "aprendizagem significativa" (leia-se: Rogers). O filme é uma experiência no sentido como pontua Larrosa - o filme mesmo é algo que toca o todo do espectador, e que passa a ser atuante, devido a tamanha a empatia.

observando

ensinando a dançar

na sala de aula

o desejo pelo outro...

um triângulo.