segunda-feira, 30 de abril de 2018

CLASSE HOSPITALAR, PEDAGOGIA E PRÁTICAS EDUCACIONAIS: O QUE A CLÍNICA PODE ENSINAR E A PROFESSORA APRENDER?

Hiran Pinel, autor.

 

INTRODUÇÃO

Este é um pequeno e diminuto "paper" onde eu procuro esboçar uma descrição da clínica como mestra da professora: O que ela a ensina quando atua numa classe hospitalar? Como profissional da Pedagogia, esta professora cria, no seu cotidiano, práticas educacionais: O que diz a ela uma clínica aí?

Trata-se de um estudo fenomenológico, onde, "memorialmente" me envolvi existencialmente com as minhas práticas educacionais em instituições de saúde, e delas me distanciei. desvelando sentidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma poesia advinda do "concreto vivido" pela professora da/ na classe hospitalar, no seu cotidiano educacional, é a de que a morte é uma mestra que nos ensina. Essa mestra cria um processo ensino-aprendizagem do viver tão bem quanto possível, tão alegre, tão energético, tão resiliente etc. Ela também nos ensina o tão resistente podemos lutar para ser, nos opondo a tudo de concreto e simbólico que se opõe à vida e o viver, ao respirar livre e solto, seja numa dimensão individual ("minha" saúde), grupal, institucional, nacional. Tão tanta coisa boa há aí nestes "experienciares", ainda que haja sempre o outro lado finito, o mais doloroso, e por ser também um real, nunca deve (ou deveria) ser negado na escola e especialmente na classe hospitalar. O tema o tema da morte demanda uma "clínica pedagógica da escuta empática" que pode ser praticada pela vivência com um modo didático-educacional "implícito-sutil-cuidadoso-delicado-empático". A morte não deve ser desaparecida da ou em cena, pois ela compõe a vida, e é a vida que devemos sempre desejar, é a vida que compõe a sala de aula que é a classe hospitalar, a alegria transita aí e de modo potente, mas, a morte (concreta e simbólica) adentra a classe hospitalar, e ela poderia ser vivida como um alerta para que vivamos densa, tensa e intensamente. Ora, o próprio nome "classe hospitalar" nos leva ao hospital e ao sentido de uma "outra clínica" - a pedagógica. A classe hospitalar, ainda mais ela, é um lugar de onde uma (morte) pode chegar podendo cessar a outra (vida). A clínica mesma aparece, quer dizer, seu aparecimento de dá quando a professora desta classe a pratica pelo escutar empaticamente quem sofre. Nesse sentido, a professora da classe hospitalar não pode negar a clínica. Então, podemos destacar, enquanto profissionais que trabalham com Pedagogia Hospitalar, que como na vida, estamos jogados no mundo sem nossa anuência, e nosso papel é responsabilizarmos por isso, pela vida, deixando penetrar em nós as experiências positivas, bem como as negativas inevitáveis, e o inevitável pode ser um quadro clínico grave ou gravíssimo, que a ciência propõe paliativos e cuidados, mas nem sempre o que pensamos ser a cura. É o que temos para hoje no espaço e no tempo hospitalar escolar onde a vida aparece potente e poderosa, mas há a clínica, vamos dizer uma Pedagogia clínica, uma prática educacional-Sorge que cuidadosamente não a nega, e não negar a morte não é morrer, mas (pró)curar viver.

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Não descrevo uma clínica tradicional, cheia de classificações, mas simplesmente um termo (clínica e clinicar) que nos leva às questões da saúde e ao mesmo tempo da vida e da morte, onde procuramos resgatar o papel da escuta empática defendida pela clínica em geral, e a psicológica especificamente. Uma Pedagogia da Espera e da Escuta pode ser uma tarefa da professora escolar que atua na classe hospitalar e em outros espaços-tempos dedicados à saúde. Assim, o currículo da formação da professora (e do professor) trará a ela/ele e aos seus/ suas estudantes, o tema da vida que precisa respirar e legrar-se, e o da morte concreta e ou simbólica como aquela que destaca a vida que um dia terminará: finita vida.