Quais as ideias filosóficas e educacionais (pedagógicas) de Georges Gusdorf (1912-2020)?
GUSDORF É HUMANISTA FENOMENOLÓGICO E EXISTENCIALISTA
Georges Gusdorf (1912-2000) foi um filósofo e historiador francês conhecido por suas reflexões sobre a condição humana, a educação e as ciências humanas.
Suas ideias filosóficas e pedagógicas estão profundamente ligadas à fenomenologia, ao existencialismo e a uma crítica à modernidade técnica.
Georges Gusdorf , nascido em10 de abril de 1912em Caudéran (município que se fundiu com Bordéus ) e morreu em17 de outubro de 2000, é um filósofo e epistemólogo francês .
Sua obra é influenciada por Søren Kierkegaard. um dos criadores e ou precursores da Filosofia Existencial..
Georges Gusdorf é filho de pai judeu, ateu e progressista (Paul Gusdorf, que morreu na deportação em 11 de novembro de 1942 em Auschwitz, Polônia) e mãe protestante, ambos de nacionalidade alemã.
Obteve a agregação em filosofia em 1939 - ele deu um diploma que tinha e esse título foi agregado ou acoplado ou anexado ao seu diploma original. No Brasil se diz: APOSTILOU o título tal no diploma dessa pessoa. Por ex: antigamente o pedagogo era bacharel em pedagogia, e apostilavam atrás do diploma os títulos de licenciatura, orientação educacional etc.
Em 1940, foi feito prisioneiro com seu regimento na região de Loiret e passou toda a guerra em vários campos de prisioneiros de guerra, para onde foi transferido por se recusar a defender as políticas de Vichy.
Acabou em Lübeck, no norte da Alemanha. Foi durante esses anos de detenção que experimentou uma sociabilidade intelectual que, segundo ele, sua carreira acadêmica não lhe permitiria mais repetir.
Após a guerra, entre 1945 e 1946, assumiu o cargo de tutor na ENS, preparando-se para a agrégation em filosofia. Sucedeu Merleau-Ponty e preparou Althusser e Foucault para a agrégation .
Em 1948, foi nomeado professor na Universidade de Estrasburgo , ocupando a cátedra de filosofia geral e lógica. Publicou então, sob a direção de Gaston Bachelard , apenas uma tese, La Découverte de soi , matriz de seu futuro trabalho sobre memória, escrita durante seu longo cativeiro em Lübeck .
Gusdorf conta que, em seu campo de prisioneiros, o círculo de oficiais de carreira era a favor de Vichy, particularmente das teses defendidas por Jean Guitton e transmitidas por um tempo por Paul Ricœur
Com alguns de seus camaradas, ele conseguiu mudar as mentalidades. "Foi graças a você que pudemos retornar de cabeça erguida", disse-lhe um oficial que foi prisioneiro com ele após a guerra
O cativeiro também deu a Georges Gusdorf a oportunidade de se interessar por um gênero que geralmente não tenta os filósofos: a autobiografia.
Admirador de Geistesgeschichte e da escola crítica fundada por Wilhelm Dilthey , bem como da História da Autobiografia de Georg Misch , genro de Dilthey, Gusdorf argumentou em 1975 contra a abordagem, que ele considerava formalista, de Philippe Lejeune e seu pacto autobiográfico [ 4 ] .
Georges Gusdorf permanece apegado a uma visão lúcida do homem, condicionado pelo seu corpo e pelo mundo em que vive, mas que também é capaz de se desprender desse determinismo e de produzir obras nas quais se manifesta a sua liberdade. Essas obras não se reduzem a esquemas formais, exprimem um ser pessoal e, com ele, todo um universo que nunca pode ser inteiramente revelado e que varia segundo os indivíduos, mas também segundo as épocas
De 1966 a 1988, publicou com Payot os quatorze volumes de uma vasta pesquisa enciclopédica, As ciências humanas e o pensamento ocidental
Em 1968, em desacordo com a revolta estudantil, exilou-se na Universidade Laval , localizada em Quebec, mas retornou a Estrasburgo assim que a calma voltou. Georges Gusdorf afirma ter previsto de alguma forma a explosão em sua obra A universidade em questão , publicada em 1964
Georges Gusdorf também lecionou na Universidade do Texas em Austin e na HEC Montréal .
Ele morreu aos oitenta e oito anos e está enterrado no cemitério de Arcachon .
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QUEM MARCOU GUSDORF?
Georges Gusdorf, filósofo e epistemólogo francês, foi influenciado principalmente por Kierkegaard e Karl Barth, além de outros pensadores que moldaram sua visão sobre a existência e a autobiografia.
Embora não diretamente parte do existencialismo francês, ele dialogou com figuras como Sartre, Beauvoir, Camus e Merleau-Ponty, embora com suas próprias peculiaridades. Orientou Louis Athusser (marxista) e Michel Foucault.
Influências:
- Søren Kierkegaard:
A ênfase de Gusdorf na subjetividade, na experiência individual e na angústia existencial ecoa o pensamento de Kierkegaard, considerado o pai do existencialismo. - Karl Barth:
O teólogo protestante suíço influenciou a visão de Gusdorf sobre a relação entre fé e razão, bem como sua crítica à filosofia e teologia tradicionais. - Filósofos Existencialistas Franceses:
Embora não se encaixe perfeitamente no existencialismo, Gusdorf dialogou com as ideias de Sartre, Beauvoir, Camus e Merleau-Ponty, especialmente sobre a liberdade, a responsabilidade e a busca de sentido na vida. - ENTRETANTO, Moacyr Gadotti, em "História das Ideias Pedagógicas", um clássico na nossa esfera, estudou Georges Gusdorf e o classificou como ""pedagogo fenomenológico existencial" junto e com: Martin Buber, Janusz Korczak e Pantillon. Logo, nada é perfeito, mas um grande pesquisador, como Gadotti, assim o classificou e assim eu entendo esse filósofo e educador francês, que já orientou o marxista Althusser e o pós estruturalista (ligado ao marxismo) Foucault.
- NOTA: essas classificações têm efeitos de estudos universitários, no exercício de diferenciar sutilezas teóricas. Um exercício de raciocínio acadêmico encarnado. Uma procura e ou busca do refinamento do pensar-sentir-agir, pois o mundo científico ama as classificações e ou quaisquer outro nome que se deseja oferecer ao leitor, sempre algo é descrito, subdividido, orientado, uma busca como semelhanças e diferenças. No mundo comum, por ex.: há texto do behaviorista (radical?) Skinner que se confunde com o humanismo radical (idealizado?) de Rogers, se isso não for explicitado. Tem em Sartre determinações, discursos que beiram ao moralista de agrado ao status quo estabelecido, como de que todo ser humano tem que se responsabilizar, ele mesmo, singularmente, pelas escolhas - enquanto a sociedade perversa sai ilesa (será?), ainda que em Critica da Razão Dialética ele assume o tema marxista de uma sociedade de classe, a práxis, o operariado etc. Ao mesmo o marxismo é um quê de autoritarismo quase uma regra behaviorista, se não for assim, serás punido. Claro são apreciações brevíssima, que cabe longos textos, estou apenas exemplificando e correndo riscos, por isso defendo-me logo. Penso com Amilalian em Psicologia do Excepcional defendendo o diagnóstico (logo, uma classificação): é melhor tê-lo para produzir planejamento e ação por parte do psicólogo, por ex. Pra mim, uma mudança acontece de acordo com o que "deseja" (determina) a sociedade maioral (dominante), sociedade que marcou o sujeito, e que ele acredita ser o seu ser mais real e profundo, mas que de fato ela (a sociedade) o ensinou e ele introjetou como sendo sua singularidade. Classificações servem pra gente pensar o mundo concreto nosso, não só pensar, mas porque um bom pensamento nos levar a sentir e a agir... - está aí minha teoria, que já tem muitas assim (risos) - autoria: Hiran Pinel
Contribuições:
- Epistemologia:
Gusdorf investigou a relação entre conhecimento e experiência humana, especialmente na sua obra sobre a autobiografia, onde defendia que a verdade reside na experiência interior do indivíduo, e não apenas em fatos objetivos. - Autobiografia:
Gusdorf dedicou grande parte de sua obra ao estudo da autobiografia, defendendo que ela não deve ser vista apenas como um registro cronológico de eventos, mas como uma busca de sentido e significado para a vida.
ENTONSES:
Georges Gusdorf foi um pensador que, embora não se encaixando em uma única corrente filosófica, foi influenciado por Kierkegaard e Barth, e dialogou com o existencialismo francês, deixando sua marca na epistemologia e no estudo da autobiografia.
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Abaixo, destaco alguns dos seus principais conceitos e contribuições:
Ideias Filosóficas de Georges Gusdorf:
- Fenomenologia Existencial:
- Influenciado por Husserl, Merleau-Ponty e Sartre, Gusdorf aborda a experiência humana como um fenômeno complexo que não pode ser reduzido a explicações puramente científicas ou técnicas.
- Defende que o ser humano é um "ser-no-mundo", cuja existência é marcada pela subjetividade, liberdade e responsabilidade.
- Crítica ao Racionalismo Cientificista:
- Gusdorf critica a tendência moderna de reduzir o conhecimento humano a modelos técnicos e quantificáveis, ignorando a dimensão existencial e histórica.
- Argumenta que a ciência moderna, ao buscar objetividade absoluta, acaba desumanizando o saber.
- Filosofia da Cultura e da Linguagem:
- Investiga o papel da linguagem na construção da realidade, destacando que o conhecimento não é apenas racional, mas também simbólico e narrativo.
- Valoriza as tradições mitológicas, literárias e filosóficas como formas fundamentais de compreensão humana.
- Antropologia Filosófica:
- Explora a ideia de que o homem é um ser que se autocompreende através da história e da cultura, não podendo ser definido apenas por categorias biológicas ou sociais.
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Ideias Pedagógicas (Educacionais) de Georges Gusdorf:
- Educação como Formação Integral (Paideia):
- Defende uma educação que vá além da transmissão de conhecimentos técnicos, priorizando a formação do ser humano em sua totalidade (ética, estética, histórica e filosófica).
- Inspira-se no conceito grego de paideia, que engloba formação cultural, cívica e espiritual.
- Crítica à Tecnicização da Educação:
- Rejeita a visão da educação como mero treinamento utilitarista para o mercado de trabalho.
- Argumenta que a pedagogia moderna, ao se tornar excessivamente técnica, perde de vista a dimensão humanista e existencial do ensino.
- Importância das Humanidades:
- Insiste na relevância das disciplinas humanísticas (filosofia, história, literatura) para a formação de sujeitos críticos e autônomos.
- Acredita que a educação deve promover a reflexão sobre o sentido da existência e os valores humanos.
- Diálogo e Relação Professor-Aluno:
- Valoriza a relação pedagógica como um encontro intersubjetivo, em que o professor não é apenas um transmissor de informações, mas um mediador que ajuda o aluno a descobrir seu próprio caminho intelectual e existencial.
- Inspira-se em Sócrates e na maiêutica, enfatizando o questionamento e a descoberta pessoal.
- Autonomia do Educando:
- Defende que a verdadeira educação deve levar o indivíduo a pensar por si mesmo, desenvolvendo autonomia intelectual e moral.
- Critica modelos educacionais autoritários que inibem a criatividade e a liberdade de pensamento.
Obras Relevantes:
- La parole (1953) – Sobre a linguagem e a comunicação humana.
- Professores para quê? (1963) – Crítica ao sistema educacional moderno.
- Les origines de l’herméneutique (1988) – Sobre interpretação e compreensão humana.
- Traité de l’existence morale (1949) – Reflexões éticas e existenciais.
- Primeiro comentário mais textos deles
Legado:
Gusdorf é um pensador que resgata a importância das humanidades em um mundo cada vez mais dominado pela técnica. Sua pedagogia insiste na formação de sujeitos críticos, capazes de refletir sobre seu lugar no mundo e de resistir à massificação cultural. Suas ideias continuam relevantes para debates contemporâneos sobre educação, tecnologia e humanismo.
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Hiran Pinel, apostila; legitimei os dados