domingo, 18 de janeiro de 2015

OS MORTOS & SUAS MEMÓRIAS NOS OBJETOS E COISAS.
Bugigangas. Livros. CD's. Vídeos. Filmes. Retratos. Quadros com figuras de artistas de cinema. Desenhos e pinturas. Joias falsas, perfumes, bibelôs. Roupas e roupas. Brinquedos que enfeitam a mesa de trabalho: Peppa e seu irmão George Pig, Capitão América, Homem Aranha, Coringa, vasos com flores que jamais morrerão kkk (de pano e plástico), três patinhos - uma patona mandona conduzindo seus dois filhinhos, um amarelo e outro vermelho. Coisas, objetos, maltrapilhos, sanguessugas, restos mortais em objetos... Então vamos morrer, isso é certo. Pra que tanta coisa? Pra que? Todos devemos nos perguntar isso. Pra que compramos tanto? Pra quem deixaremos isso tudo? Pra quem? Quem rirá de nós? Quem debochará, de modo arrogante, dessas coisas que deixamos no mundo, construídas junto ao outro? Gostaríamos que tivesse um Ennis Del Mar (personagem do filme Brokeback Mountain) que pega a camisa do defunto (Jack Twist) e a cheira, e a leva pra sua casa pra ser guardada - a roupa como memória, lembrança de alguém que amamos e que faleceu. Ou então como Peter Stallybrass, no Casaco de Marx, na primeira parte do livro, cheira a roupa do amado, cada tecido mofado - ele passa as mãos e recorda que foi amado, e como irá amar o morto - e como passará esse amor vivido para os outros e outras da vida que ele se entregará. Mas vamos combinar, dependendo de que quem vamos deixar vivos, nós, os futuros mortos, seremos objetos de escárnio e onipotência, mesmo que o dinheiro deixado seja meticulosamente dividido, senão com brigas... kkk Como eu digo quase sempre, viver é muito difícil meus caros, mas é pela alegria (e prazer) que ainda vale a pena respirar, responder inventando o sentido da vida, pelo menos da "nossa vida", e de quem nos cercam.