quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A CASTIDADE

Meu amigo de 75 anos de idade veio dizer-me, que a sua nova (novíssima) esposa, o ama "de verdade". Ele me disse isso depois de chegar de uma lua de mel que passou numa ilha paradisíaca da Tailândia, ambos foram em um avião fretado só pra isso, com champagne e... (risos) muitas pílulas azuis. Mas ele tinha uma queixa: "Ela não fez tudo do que eu queria, sabia? É moça pobre, de família humilde, bom coração, mas muito recatada", completou ele com ares de santinho do pau oco, um verdadeiro nobre senhor Alice da Ilusão. Então, depois desse queixume, ele me pediu uma "opinião científica" sobre seu vivido. Sabe - eu ri por dentro, mas refleti, e finalmente disse-lhe: "Somente os bilionários como você costumam viver amores verdadeiros e plenos - e sinceros". E completei: "Mas nesse caso, meu caro, até eu faria tudo que você me pedisse, atenderia todo seu desejo, eu seria esse outro, eu não lhe negaria nada. Eu lhe daria esse amor tão casto e ao mesmo tempo tão pecador, penetrador de minhas carnes! E mais, eu faria todas as coisas que ela não fez e te ensinaria outras". Eu e ele ficamos em um silêncio meio torturante, e então eu prossegui: "e ainda mais, você poderia ficar tranquilo, pois eu mesmo compraria a xilocaína, eu a pagaria sozinho com meu dinheiro, mesmo tão pobre que sou, mas o resto seria com você - toda ação partiria desse seu desejo denso, tenso e intenso." e concluí cm um olhar sacana: "Sabe, eu muito casto"... Sorri quase que aliviado, depois que lhe disse isso, do meu modo de dizer kkk Bem, parece que eu estive como no final do filme "Casablanca", experimentando o começo de uma bela e sensual amizade. Quer saber do final? Estou indo agora comprar mais xilocaína kkk Você tem uma grana para me emprestar? Faço-lhe boas propostas, não sou de negar desejo do outro, desde que bem atendido, pois afinal sou muito, mas muito casto...

[Hiran Pinel, autor].