terça-feira, 11 de dezembro de 2018

"Política dos Três Nãos" na China Popular.

RESUMO: A China Popular adota uma "Política dos Três Nãos" acerca de temas delicados e ameaçadores para a nação: 1. Não pergunte; 2. Não estimule; 3. Não condene. Ela deve ser levada a cabo no cotidiano de cada cidadão, mas... Como nem sempre é respeitada, surge a censura e as punições do Estado diante da desobediência, e pode ser até punição severa, tem vez.

A desobediência pode acontecer nos roteiros e narrativas de obras de arte como filmes, séries, livros de ficção, novel's etc.

Pode haver essa desobediência nas artes, literatura e poesia etc. Há temas polêmicos como LGBT's, uso de drogas lícitas ou ilícitas (a não ser, se for uma narrativa que pune os autores e uma história que não choque o povo), corrupção do Estado (nunca - a não ser falar mal dos inimigos do país, como antes de Mao Tsé Tung ou a Camarilha dos Quatro etc.) feminismo e denúncia da situação das mulheres no país, religião mostrada de um modo prejudicial (na opinião do povo) - a religião não é algo de interesse do Estado, mas muito forte no povo, especialmente o budismo (e agora cresce o islamismo), mas lá religião não fala alto... Temas ainda não permitidos: violência física e psicológica, personagens fumando cigarros, bebidas, abusos sexuais, sexo entre adolescentes etc.  Então, é que é levantada e levada a cabo a "Política dos Três Nãos". Quem a desobedeceu? Então, haverá punições.

Isso significa: se um cineasta resolve falar do amor entre dois caras, ele começa subvertendo essas três políticas, pois afinal, uma narrativa de um filme pergunta, recompensa e condena (ou não), pois um filme pode elogiar, o que é pior em termos de censura. Se vc  pergunta, logo começará a "cutucar onça com vara curta", mexer no vespeiro. Mexendo no tema você começa a estimular discussões, começa a já provocar algo que a cultura e o Estado condenam. Daí é um passo para a sua publicidade, popularização, e grandes plateias serão envolvidas, há filmes que ganham imensa popularidade. Nesse contexto, tem gente que acredita que o tema sendo discutido ele pode servir de modelo e ou exemplo a ser imitado... Fazendo o filme, o próprio diretor vai julgar, vai contar uma história e ele pode até criticar (ou não) a relação dos dois caras... Mas só que ele começou perguntando e estimulando o tema, logo será condenado, punido por isso, de alguma forma, ou severa ou branda. 

O tema sexo e questões de corrupção do sistema de Estado são os assuntos mais censurados, pois esses assuntos: 1. não se devem ser objeto de perguntas, especulações, curiosidades; 2. não devem ser socializados, publicizados,ganhar grandes plateias etc.; 3. não devem ser punidos, se não se desobedece. Entenderam ou querem que eu desenhe? kkk É a censura de fato - e a do Estado.

Isso não significa que o sistema de justiça chinês não atue forte e com muito rigor contra as bandidagens, os crimes. O Estado atua com muita potência e é exemplar, é uma nação conhecida por isso também... 

Essa "Política dos Três Nãos" é estimulada pelo Estado para que se concretize e se efetive no cotidiano do povo, mas é mais aplicado por censores oficiais de lá. Narrativas que contenha temas como os sexuais (gays fazendo sexo, por ex.), abusos e violência, ou uma história onde se denuncia a corrupção do Estado etc. Essas são narrativas que mais sofrem cortes da censura. Desenhei (kkk).

Eis os três nãos dessa Política bem conhecida (acho):

1) Não pergunte - não me interesso, não interrogo, não policio, não faço futrica, não desejo saber e nem tenho vontade etc.;


2) Não estimule - não elogio, não faço propaganda, não socializo, não apoio, não faço passeatas, não brigo por esse tema etc.; os temas podem ser abordados mas com muita delicadeza, sutileza ao extremo, com punições aos personagens não bem-vindos ao Estado (gays que podem ser engraçados/ infelizes/ suicidas/ sozinhos, fumantes morrendo de câncer no pulmão, funcionários públicos corruptos são execrados, presos, desmoralizados etc.);
 

3) Não condene - não produz legislação contra, não se faz críticas, não fica comentando se isso existe ou não etc. O Estado não condena, mas se houver afronta, haverá processo socializado, para que sirva de modelo e não se repita;


Repetindo: se eu não interrogo, não pergunto, não falo, logo não farei publicidade disso (logo elimina-se a ideia de que socializando alguém possa aprender algo condenado), e se eu não publicizo, logo nem se fala em condenar esse ou aquele comportamento, nem elogiá-lo, recompensá-lo positivamente.

Tal tipo de ação (censura) aconteceu com a famosa e respeitada série "Addicted" ("Heroín"), artisticamente elogiada em diversos países em que foi projetada. E olha que foi uma websérie, ou seja, foi inserida em plataformas do tipo You Tube. É uma série que fugiu aos padrões das TV's abertas, mais controladas pelo Estado, e nem pelas TV's fechada/ à cabo, ainda assim sob vigilância. A internet é fortemente censurada na China, mas nem sempre dá conta do controle total.

É adequado destacar outros tipos de censuras na China, no Brasil, no mundo... Não é só a China que usa dessa política.  Bem, além da censura vinda do Estado, há alastrado em nossa sociedade instituições e pessoas que produzem censura chegando mesmo a interferir numa obra de arte. Não ir a um filme por um motivo moral é uma forma de censura... Mas há outras: [1] a própria comunidade pode se opor e pressionar pra mudar e ou amenizar eventos ameaçadores (nudez, incesto, estupro, relações sexuais insinuantes entre dois homens etc.); [2] fãs têm atuado para mudar a história de uma série, fazendo, por ex., que um e outro personagem passe a formar um casal etc., eu como sou fã (kkk), mando mensagens pro diretor, pra outros fãs e falo o que penso, e posso ser escutado (kkk) - os fãs são coiotes, dizia Margô personagem de A Malvada (filme); [3] os financiadores de uma série podem interferir (e muito) numa obra de arte, dizendo, por ex;, que seu produto não pode estar associado a determinados temas, e assim as empresas podem interferir impondo um ou outro ator e ou atriz; já há agência de atores que financiam obras de arte; [4] o próprio autor, dependendo onde vive/ pensa/ sente/ age, já escreve se censurando, ele mesmo já coloca rédeas na imaginação etc., afinal ele escreve para ter sucesso, para agradar ao público. O escândalo deve ter um tom certo para ampliar o sucesso, mas nunca diminuí-lo.


INFORMANDO SOBRE A SÉRIE CENSURADA E QUE É CONSIDERADA OBRA DE ARTE: 

Addicted (em Mandarim, ) é uma websérie chinesa criada por Chai Jidan (pseudônimo) e dirigida por Ding Wei. É a primeira série literalmente gay da história da dramaturgia chinesa. Tem 15 episódios, e foi projetada em 2016. Teve enorme sucesso nacional e internacional como nos Estados Unidos, alguns países da Europa, países da Ásia onde a censura é mais amena - Tailândia, Vietnã, Laos, Camboja, Coreia do Sul, Japão, Filipinas, Mianmar até países islãos como Malásia e Indonésia (nesses dois últimos, deve ter passado incólume a internet). No Brasil foi uma série bem comentada, pois ao ser projetada, já estávamos acostumados às séries yaoí da Tailândia, como "Hormones The Series" (que tem um núcleo yaoí famoso), "Love Sick The Series" e outras com temáticas gays mais sensíveis, menos explícito - mais insinuantes 0 como o filme mundialmente famoso "Love Of Siam". SINOPSE: Dois jovens na escola, um pobre e outro filho de um alto militar do Estado, que é rico e mora em mansão. Ambas as famílias com conflitos entre casais que respingam ainda nos dois efebos/ filhos. Os dois não sabem que seus pais se casaram (a mãe de um, casou com o pai do outro), não se conhecem e fazem amizade na escola pública - mas antes passam pelos conflitos, rancores etc. O rico estudava em escola privada, mas por oposição ao pai, se transfere pra essa escola. Os relacionamento vai se efetivando e se tornando muito forte, perturbando a moral estabelecida na querida nação chamada China Popular.

SÍNTESE DA IDEIA
"POLÍTICA DOS TRES NÃOS"
1) - NÃO PERGUNTO; 
2) - NÃO ESTIMULO; 
3) - NÃO CONDENO.

NOTA 1: escrevi esse texto de modo livre, dando minha opiniões. Entretanto, ao longo da vida, tenho lido coisas sobre esse tema, tenho dialogado com fãs, artigos na internet e em jornais (da internet). Eu fiz esse pequeno texto sem consultar, de modo explicito, algum material, por isso peço leitura cuidadosa e criativa, podendo o leitor pesquisar e ir fundo no tema, que é delicado. 

NOTA 2: E relembrando: Não é apenas a China Popular que tem censura, não sejam ingênuos, há outros países com censuras de Estado, e até mais fortes ou mesmo veladas - o governo pode pedir a uma empresa financiadora que corte cenas, por ex; outro exemplo são as religiões etc. Há também outras formas de censura...

NOTA 3: Escrevi esse texto de modo imediato, sem fazer correções, inclusive de conteúdos, escrevi de memória. Outro dado é que devo ter repetido muito os temas, pois alguns professores tem mania de repetir o tema, um modo de aula expositiva kkk Peço desculpas... Nem uma ordem lógica o texto tem... São opiniões efêmeras, em processo e que espero nunca se cristalizarem... É um texto quase lúdico, provocativo...