quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A AURORA CHEGA, E COM ELA A FINITUDE DE TUDO QUE HÁ-HAVENDO...
Filme: A Promessa/ Aurora (Filipinas, 2008, de Adolfo B. Alix Jr.; com Coco Martin e Paolo Rivero; Original em tagalo: Bukang-liwayway; Título em inglês: Daybreak).




A ideia básica do filme é: Dois homens, que são amantes, se encontram uma única noite com o objetivo de romper ou continuar se relacionando. Esse é o tema.
ALERTA! Aqui vão as minhas opiniões, percepções e versões - sem compromisso com o real do filme... Assista para produzir confrontação kkk
William e JP são amantes há um ano, mais ou menos. Wiliiam é medico (renomado), mais maduro e JP um barqueiro e guia turístico, jovem. O primeiro é casado, e o segundo tem uma namorada.
O que vemos é William saindo de Manilla de carro, ele na estrada recebe telefonema da esposa, e dá uma desculpa que ela engole. JP o está esperando numa praça famosa, que acho se chama Praça do Vulcão de Taal - dá o sentido de arrebatamento, paixão desenfreada e ao mesmo tempo tranquila e inevitável de irrompimento, prestes a cometer surpresas provocadoras.
No passado William e esposa vieram passear aqui, e ele conheceu JP. O resumo do nome em simplesmente JP, dá uma ideia de um jovem comum, pobre, sem alternativas, que espera sempre mensalmente a chegada do amante - apagado, aceso apenas pelo amor e sexo com o companheiro. Eles passarão uma única noite juntos, discutindo, refletindo, vendo o álbum de fotografias, falando da esposa e da namorada, escolaridade, filhos. O foco de angústia é que um vai viajar pra Austrália, e será de modo definitivo (William).
É um filme de silêncios e poucos diálogos.
Os dois conversam naquele último mês (irão ficar juntos ou não?). JP deseja permanecer com o amado. William cozinha cuidadosamente macarrão, e os dois se beijam amorosa e freneticamente.


Eles dançam de modo íntimo, ficam de cuecas (as meninas gritavam nos cinemas, na época - estou lendo kkk Os protagonistas são ídolos de lá) e desnudos - as mudanças das músicas facilitam o não cansaço do espectador, já que quase todo filme acontece dentro de uma casa de férias.      
Fazem sexo desvairadamente como se nunca tivessem feito antes. Tudo muito delicado, com imagens opacas, assim não fere moralidades alheias, tons escuros, azulados para a coisa não ficar explícita e chocar... Eles são um casal? Há essa pergunta entre eles. Você me ama? E muito silêncio e expressão corporal lenta, e quase desfalecendo. Eles relembram dos dois juntos desde o começo, os medos de serem feridos pela comunidade devido aos preconceitos (isso está implícito), mesmo um sendo médico (que é um ofício que gera respeitabilidade) e JP que me pareceu religioso e querido da comunidade - ele está de compromisso marcado, tipo ficar noivo. Há toques sutis sobre a nação onde vivem - um leve painel político, pela diferença de classe, por exemplo.

Dançando na espera da aurora...

A relação é tensa, densa e intensa - muito profunda. Não há esfacelamento: só o amor inteiro, em frases tristes, como as canções antigas do Roberto Carlos kkk Algo como a "minha alegria é triste" - quer verso mais triste? kkk Falam dos momentos de alegria e felicidade que tiveram, se abraçam, e discorrem acerca do impacto do abandono neles, o adeus. Mas recordem que William veio romper as relações, pois vai pra Austrália com a família, como médico, sugerindo ter conseguido algo melhor ou então pode ser mais uma fuga do amor, devido as pressões sociais, podemos supor.
Vai chegando a aurora - e o espectador com uma vontade de chorar danada, mas tudo me parece preso nas gargantas dos protagonistas e do espectador kkk... William desce olhando a casa como que retendo na memória coisas inesquecíveis. Ele então, com muita dificuldade, andando lentamente, pega o carro e vai se dirigindo de volta pra Manilla. JP está na casa sozinho e reflexivo, e tem pensamentos sensíveis, afinal o melhor do amor é a memória, o que dele restou. No meio do caminho Willian chora, chega parar o carro, e chora... Mas antes ele vacila em dar carona a um jovem que pede na beira da estrada, ele consegue dessa vez fugir da pulsão de morte, que é o motor que o faz repetir - mas ele irá cair nessa pulsão, todos caímos... é humano, é desumano (logo, humano)...
JP na solidão - inicialmente fica deitado esperando o amigo ir embora, desnudo... Sem lágrimas. Depois ele vai para a beirada da piscina. Uau... Sai daquela casa de praia e se dirige ao seu cotidiano real. Lá fora a aurora aparece, e parece se consolidar. Sempre haverá outras possibilidades de ser feliz, sempre - outra vida, outro fósforo, outro fogo liberando-se das cinzas.


O filme termina nessa solidão, um grito parado na garganta... uma morte simbólica parada no ar das Filipinas, nos corações apaixonados seja lá de quem for... Tudo tem começo, meio e fim. Ai, essa vida é uma merda!
Socorro, morri!!! - kkk


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NOTAS
No final do filme os dois se separam

No final alternativo que tive contato agora, JP está na beirada da piscina. William saiu pelas estradas rumo a Manila. JP continua na beirada da piscina, e agora o vemos de costas, e uma longa escada até a ela (piscina). Um cara vem descendo a escada, é William, senta ao lado de JP... Pode ser imaginação de JP, pois ele desejava que a relação permanacesse... Fim.

Prefiro o final deprimido.