quarta-feira, 16 de março de 2016

AMOR & CONHECIMENTO... 
Ou: Sobre os processos afetivos e aprendizagem 

Para começar a provocação na sala de aula, nos cursos de mestrado e doutorado na referida disciplina... Já é o segundo texto assumido para tal tema... Como sempre aviso: é uma provocação associada aos textos densos, tensos e intensos que estamos lendo, referindo-se principalmente às questões escolares, mas também um pouco das não escolares, e ou fora da escola. Texto escrito logo, e imediatamente postado, sem correções, sem consulta, por isso sujeito a erros de português, de digitação etc. Como disse é só uma provocação.


As pessoas têm a "mania" (kkk) de dar excessiva uma magia ao amor, algo que vem esquentar a relação, eu sei kkk Deveríamos pensar-sentir-agir o amor como algo concreto e real, que irrompe das relações interpessoais junto ao outro, no mundo. Esse amor e sua magia, acontecem entre o sujeito e outro, e repetindo, mundo: os dois, numa família, grupo de amigos, numa casa, vendo TV, indo ao cinema, lendo jornais, na internet, discutindo e refletindo, participando dos movimentos sociais, vivendo uma guerra, fome, injustiças, vendo o outro justiçado ou injustiçado, cantando uma canção, torcendo por um time de futebol, defendendo um partido político, numa rua, num bairro, numa cidade, num Estado, em um país, no mundo etc. 

O amor é construído nessa complexa e híbrida trama. Quando a gente quer investir em alguém, colocamos lá nossas emoções, criamos coisas que não existem, mas que passam a existir pela luta, esforço nosso junto ao outro no mundo. Você pode fazer esse investimento em "caras" até fora do padrão estético, e que você nem interessada (ou interessado) estava (ou está). Não tem essa que a menina é feia, ora, se você investir acabará gostando! É óbvio, que como eu disse, a coisa é complexa e híbrida, mas quando investimos mesmo, o outro fica seduzido, ainda que nos ache feios, horrorosos. Falo do investimento afetivo, falo de dignidade, falo de não manipular ao outro - mas estar a fim de gostar do/da cara, de estar perto, cuidar, insistir, não desistir. 

Claro que tem que ter aí uma mediação, uma insistência não psicopatológica, doentia. Falo de um investimento bacana, baseado na verdade. Um investimento afetivo real, não daquelas personagens femininas de telenovelas mexicanas: lindas (e artificiais) e o objeto do desejo são os caras lindos, topetudos com laquê nos cabelos (kkk) e artificiais kkk Falo do real, do investimento equilibrado... Esse filme aí, "500 Dias Com Ela" (ESTADOS UNIDOS; 2009; direção de Scott Neustadter), o personagem masculino investe no amor, e ao final, ela diz que é a "vida" que impediu. É colocar magia excessiva. Ela, se desejasse, deveria reconhecer o seu vivido, o outro e pensar: Vamos raciocinar? Quem é ele? É gostoso pra mim? Vale a pena? Tem futuro? (kkk No Brasil pensaria isso... kkk). É preciso afeto, mas é preciso não dicotomiza-lo da cognição, do conhecimento, do raciocínio, da resolução dos problemas...

Penso que o afeto (e a afetação) é uma energia que (co)move a cognição. Se o afeto está ligado à tristeza ou ao ódio, pode prejudicar o ato de conhecer, e se por outro lado, o afeto é alegria ou ao amor, pode acelerar esse conhecer. Tem aí mais sentidos e sutilezas. Como ficaria o conhecimento com o amor acentuadíssimo? Algo como a paixão? Bem, paixão não é mais amor. Mas é preciso pensar... A paixão pode ser o excesso de algo, logo o excesso, pode nos levar, algumas vezes, ao psicopatológico - o doentio dentro de uma determinada cultura, sociedade e história. 

Sim, a Psicopatologia diz (decreta) o que e como é dentro dessa sociedade. Esse saber-fazer - a Psicopatologia - é inventado no seio dessa sociedade e cultura (na história), será essa mesma sociedade que ditará o que "é" normal ou patológico. Assim, poderíamos dizer que o "é" é de fato "é-sendo", sempre algo em processo, mesmo que ela (sociedade) defenda que seja algo definitivo, sólido, inquestionável. Inclusive, o questionador preocupa/ ameaça essa mesma sociedade, que o taxará de ser um anormal, mas será a luta desse rotulado, luta organizada, que modificará esse rígido ambiente (o social) modificando os conceitos aqui descritos como psicopatológicos. 

Na escola isso acontece de modo claro (para mim): o professor empático, simpático, bacana produz bons afetos (e afeta ao ambiente escolar), essa energia emanada contamina o discente, que mesmo sofrendo agruras fora da instituição, poderá encontrar naquele espaço instituicional um descanso na loucura. Quantos de nós nos identificamos com essa frase: "a minha escola é o lugar onde me sinto melhor, descanso da minha casa, da minha família que me pressiona demais". Tem outros casos clássicos: "meu professor domina a matéria, mas não tem didática e nem sabe relacionar conosco"... Outros: "tá na cara que meu professor não domina o conteúdo que propõe ensinar, mas ele é tão amigo, que a gente aprende com ele"... Outras frases que indicam o quão indissociado estão os aspectos afetivos e cognitivos. Essa energia afetiva é conhecida como indissociada da cognição, mas que por ser uma energia, move e comove esse conhecer.

No filme Um Doce Olhar (TURQUIA; 2010; Título original: Bal - Mel; direção de Semih Kaplanoglu) o aluno não consegue aprender em sala de aula. O menino acabou de perder seu ídolo, seu pai, que era coletor de mel. O menino está se sentindo perdido em sala de aula, e o professor é esforçado, mas se preocupa excessivamente em dar estrelinhas aos seus pupilos. O filme todo mostra o professor preocupado, pois o protagonista dessa obra de arte não ganhou sua estrelinha. Mas em casa, onde encontra um ambiente mais tranquilo, algo acontece... 

Outro filme é A Cor do Paraíso (IRAN; 1999; título original: Rang-e khoda; direção de Majid Majidi) narra Mohammad, um menino cego, que é atendido carinhosamente por seu professor na escola especial (só pra cegos, em Teerã). Na sua família o clima está pesado, e parece que ele quer ir pra sua escola rural (perto de sua casa) para descansar da loucura da rejeição do seu pai a ele. Ao chegar na escola ele é bem recebido pelo gestor e pelo professor - sala multisseriada (acho). Uma escola pobre, caindo aos pedaços, e à frente dela a bandeira do Irão. O afeto da sala em descobrir que ele está mais adiantado do que muitos videntes... Nos dois casos de filmes encontramos o afeto movendo a aprendizagem pra cima ou pra baixo.

[Autor dessa reflexão não definitiva: Hiran Pinel; em copiando ou trabalhando suas ideias a partir desse texto, cite obedecendo as normas... Não plagie...]


Filme Bal: a espera de uma estrelinha, uma recompensa oferecida pelo professor. Na espera... E em casa, ele brilha

Filme A Cor do Paraíso, Mohammed (nome de Alá; de blusa vermelha) brilha numa sala de aula onde é bem recebido e tratado com alegria.

500 Dias Com Ela, do lugar (no tempo) que se deseja dizer "isso não é uma história de amor", não será. Ao contrário se investe. Fato que é uma história de amor, mas com um final triste... Apenas isso...

No filme Total Eclipse (FRANÇA/ BÉLGICA, 1995, direção de Agnieszka Holland), que já discutimos nesse blog (e na sala de aula), traz a invenção do amor de uma época, e sua construção, para os gays, pelo menos, era dramático, ensanguentado. Duas personalidade singulares - os dois personagens Arthur Rimbaud e Paul Verlaine - em um período do amor... Para analisar o amor na sala de aula, e fora dela, é preciso entender a História, a sua cultura e sociedade, bem como a singularidade subjetiva ali desvelada.






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