segunda-feira, 14 de março de 2016


* Para: @s estudantes da nossa disciplina Processos Afetivos e Aprendizagem - mestrado e doutorado...
PROCESSOS AFETIVOS E APRENDIZAGEM: A PAIXÃO POÉTICA E SUA ESCRITA INTENCIONAL


Diz a lenda, que foi com esse filme - de 1995 -, é que o ator Leonardo DiCaprio (nascido em 1974) começou a sonhar ganhar o Oscar, ele tinha cara de seus 16 anos de idade - acho... Ele tinha entre 20/21 anos. O filme é "Eclipse de Uma Paixão".
O filme narra, de modo avassalador, a relação interpessoal (junto aos outros, no mundo) entre os poetas Arthur Rimbaud (1854-1891; interpretado por DiCaprio) e Paul Verlaine (1844-1896; interpretado por David Thewlis, nascido em 1962). A paixão entre eles é vivida como algo denso, tenso e intenso - nos toma de susto e comoção. Trata-se do amor (co)movendo a produção artística de ambos - uma produção escrita (logo, muito do racional). Afeto e cognição indissociados, a paixão que rompe a razão, mas que ao ensanguentá-la, produz novos sentidos e significados.
Achamos que a cena dessa imagem, uma das essenciais no filme "Total Eclipse" (no original), é fundamental. O filme é britânico, feito em coprodução com França e Bélgica, logo não é Hollywood. Leo foi dirigido pela cineasta polonesa Agnieszka Holland (nascida em 1948), que dizem as más línguas, era objeto de desejo do ídolo juvenil (já era um homenzinho kkk), e ela já bem madura -"eu sentia prazer em escutar ela falar, a inteligencia dela... Isso me excitava me levando à lua" - isso é algo de sentido pra nossa disciplina, a indissociada relação afeto e sua aprendizagem, afeto-cognição, o papel do afeto no desempenho escolar e não escolar, como na família, na amizade.
Recordem aqui, que Leo já estava sendo consumido pela indústria estadunidense de cinema (mesmo não sendo o ídolo total ainda), e aí faz uma fuga das pressões estereotipadas, e vai pra Europa, e ele parece que dá uma de Arthur Rimbaud, com as devidas diferenças no tempo e no espaço, nos talentos diferenciados, nas artes de ambos também diferentes (um poeta, e o outro, um ator) etc.
Nessa cena imagética, os dois poetas - o jovem Rimbaud e o maduro Paul Verlaine - parecem demandar escutar seus corações, a carne ensanguentada de quem ousa ser poeta do seu tempo (e espaço). Aqui destacamos Arthur, que odeia a mesmice, as repetições, mesmo que a vida dele seja de autoflagelo, de cortes repetidos...
A proposta dos dois, de modo não consciente, é a de viver a poesia na carne trêmula, ir além dos limites da razão e da própria emoção, mas sem abandonar o raciocínio, pois é preciso escrever, ordenar de alguma forma, pensar, refletir, raciocinar. Escrevemos poesia para o outro de nós - escrevemos para nós, e com isso para o outro.
Parece-nos que a meta dos dois personagens (advindos do real), é a de viver o afeto em sua totalidade encarnada, tornando o fio de razão, aquilo que sobra mas que se acopla ao afeto, em algo ensanguentado, mas necessário, para por alguma ordem na casa (lar?), e depois desarrumá-la, destruí-la, por fogo como um incendiário faz, e ao renascer das cinzas**, saber morto pra a vida, na produção da escrita poética, que ao ser lida, dá vontade de viver, mesmo questionando-a: Você tem sentido ou inventamos algum pra você dona Vida? Um princípio racional num precipício... kkk ****; *****; ******; *******; ********

NOTAS
* Texto especialmente produzido para nossa disciplina. Aberto a quem quiser ler e discutir aqui no face... Estejam a vontade...
** Esse discurso de cinzas é um clichê... o cinema ama os bons clichês kkk esse nem tão bom é assim kkk
*** Imagem capturada do filme, pelo mestrando e orientando Cleyton Santana De Sousa, mestrando.
**** Tem ainda o tema gay, que o filme simplesmente narra, e o preconceito é desvelado de modo muito sutil.
***** Mas o filme pode provocar essas reflexões de ser gay na escola, por isso encaminhei um artigo sobre esse tema.
****** Outros temas surgirão sobre educação escolar e ou não escolar. Entreguemos aos temas a partir dessa pequena obra de arte.

***** Intencional: que é feito de propósito, por querer conscientemente; intencionado, proposital, deliberado. Certo do que faz; ato predominantemente racional, sem jamais abandonar o afeto, a energia que move e (co)move.

******** O filme foi sugerido pelo aluno ouvinte Menderson Rezende. A princípio ficamos na defesa, pois o filme não fala diretamente de escola e o tema poderia gerar resistências. Mas isso não aconteceu, e a escolaridade está implícita ou nem tanto assim... A tarefa produzir poesia está também na escolaridade, assim com as ler. E a vida subjacente de quem produz e lê. 


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Autor: Hiran Pinel; texto experimental; citando, colocar fonte nas referências.