terça-feira, 8 de março de 2016

cinema e educação

AUTO-AJUDA NA CLÍNICA? PARE DE TENTAR CURAR, CUIDE!
"O amor acontece" (Love Happens, 2010; direção de Brandon Camp). Esse filme romântico narra a vida de um conferencista motivacional (parece-me um psicólogo, e clínico) ligado a auto-ajuda - é o ator Aaron Eckhart que eu não gostei dele nesse papel. Sabe aqueles psicólogos que falam para grandes plateias, com clichês, que contam casos com finais aparentemente inesperados? Alguns falam, nesse caso, de palestras de motivação kkk - eu falo outro termo, "horror" kkk
Um cara perdido, cheio de técnicas de intervenção - muitas matreiras kkk Ele propõe a uma centena de clientes em grupo, sim, sua proposta é grupal, a expor suas vidas privadas, íntimas. O tema é a morte, a perda, o luto - ele passou por isso e escreveu um livro kkk Veja bem: em um hotel chic, todos pagam fortuna para expor seus dramas, seus melodramas. O homem machão (durão), que perdeu seu filho, confessa isso com uma vela acessa, nas mãos. Uma outra gordinha, segurando essa mesma vela, diz que fez uma cópia, em silicone, do pênis do marido dela, antes dele morrer... e por aí vão os sofrimentos. Em um determinado momento, ele descobre o óbvio - todos têm medo. Então ele coloca cada um à prova, quando convoca a pisarem numa caixa com carvões em brasa.
Como eu lhes disse, é um profissional de auto-ajuda. Pois então, no filme ele conhece uma garota (Aniston, linda, linda...), e então se descobre um psicólogo frágil e inseguro - os espectadores do filme já percebiam isso kkk. Ora, ele escreveu esse livro de auto-ajuda dizendo ter superado a morte da esposa em um acidente de carro, e no texto ele descreve as regras para superação kkk e essa bobagem, é claro que virou best-seller kkk. Sabe aqueles textos clichês: "Para se ter uma boa saúde mental, é preciso ter uma boa saúde física" kkk
Bem, os psicólogos clínicos de auto-ajuda, acho, precisam de diminuir a ansiedade, parar de acreditar que eles têm receitas fáceis para resolver sérios problemas, falando demais, escutando de menos, usando técnicas lúdicas e prepotentes. Esses psicólogos podem, às vezes, odiar o silencio, detestar escuta, ou ouvir apenas, mas falam logo - e com verborragias pomposas - pelo filme. Eles não aprofundam, preferem ficar na superfície. O personagem tem PhD (diz no filme), e até por isso, ele deveria CUIDAR dos problemas dos outros, mas precisa cuidar de si também e das coisas do mundo. Cuidar está de bom tamanho. Deve afastar-se da onipotência da cura, no sentido de ter uma resposta que acaba com os sintomas do outro (e de si kkk). É preciso uma educação para isso, na sua supervisão ou formação continuada.
É um filme romântico e idealizado, e não vou contar o final, de tão simples que é, não me interessa, nem sei se tem fim, de tão meloso e irritante. É um filme tão simples, e ao mesmo tempo tão perigoso como é a Psicologia Clínica de Auto-Ajuda, que em outros contextos, tem sua aplicabilidade. Na clínica, por esse filme, não!

[Hpinel]