domingo, 6 de março de 2016


MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE PESQUISA

Uma conversa de hoje, conversa de corredor, com um aluno... O assunto foi mais ou menos isso... Ele pediu uma síntese minha, e eu o faço aqui, para ver se pelo menos meus e minhas estudantes entram no meu blog kkk

Eu reli o livro excelente chamado "Como elaborar projetos de pesquisa" (Quinta Edição da editora Atlas) de Antônio Carlos Gil (2010), e será nessa edição que ele incluirá o método fenomenológico de pesquisa, isso no capítulo 4 (ler 4:10) e todo o capítulo 14.

O vital é ler com atenção aos pequenos detalhes e não ficar apenas nos procedimentos, comuns às mais diferenciadas pesquisas qualitativas. Qual o diferencial desse método para os outros?

Tem vários. Vamos a um: nesse tipo de pesquisa o pesquisar tem que ter as disposições e ou atitudes fundamentais para a investigação, que pode começar por uma questão do tipo: O que e como é esse fenômeno? Essas posturas ou atitudes são duas, que são vividas como indissociadas: [1] envolvimento existencial (redução fenomenológica ou "epoché") com o fenômeno estudado, e o devido [2] distanciamento reflexivo (redução eidética ou "eidos") desse mesmo fenômeno, e ao mesmo tempo estar envolvido, pois o envolvimento direcionará à descrição e interpretação, uma escritura sensível, próxima à literatura.

Não é apenas seguir regras (procedimentos), mas ter uma atitude, ler muito os teóricos da área e recomendo psicólogos e pedagogos (e filósofos é claro) .... Ler literatura também é indispensável, escolhendo obras como Grande Sertão Veredas de Rosa, por exemplo. Os naturalistas como Bom-Crioulo, publicado em 1985, de Adolfo Caminha. Há Machado de Assis, as descrições e análises detalhadas de José de Alencar... Há inúmeras sugestões... é o que não falta é boa literatura... Vale ler roteiros de filmes clássicos, peças de teatro. Em sabendo descrever compreensivamente (com+preender indica análise dos dados, interpretação) deve se envolver com filmes, obras de arte...

Na pedagogia destaco Paulo Freire, Janusz Korczak e tem outros, inclusive brasileiros. Recomendo ler "História das Ideias Pedagógicas" de Gadotti, o capítulo sobre Fenomenologia, e o livro todo é ótimo para compreender as diversas abordagens e suas diferenciais (e semelhanças) da abordagem pedagógica fenomenológica existencial. Verifique uma Psicologia e Educação fenomenológica que foque no ser-no-mundo, a subjetividade constituída na relação do sujeito com o mundo, indissociado "sujeitotomundo".

Na Psicologia temos Medard Boss & Ludwig Binswanger (discípulos de Heidegger), F. Perls (leia-se; Gestalterapia), Jean-Paul Sartre (ele foi psicólogo também, e ler o filósofo do Discurso do Método que diferencia Forghieri, mas que pode complementar), F Nietzsche (sim, foi psicólogo), Karl Jaspers, E. Keen, Maurice Merleau-Pony (sim, foi psicólogo), Amedeo Giorgi, Francisco Varela etc.

Tem ainda: Carl Ransom Rogers (psicólogo e pedagogo), Robert Carkhuff (psicólogo), Eugene Gendlin (psicólogo), e filósofos Martin Buber e Emmanuel Levinas.

Os brasileiros Yolanda Cintrão Forghieri, Mauro Martins Amatuzzi, Angerami-Camon e colaboradores, William Gomes, Jorge Ponciano Ribeiro (que adoro) etc.

Essa foi nossa conversa, acho.... Amplie caso ela esteja aquém do dito... Um abraço.

[Hiran Pinel]